A 5ª Festa das Sementes Orgânicas e Biodinâmicas do Sul de Minas Gerais aconteceu no município de Pedralva, que fica na região da Mantiqueira. O evento foi realizado pela APOMM (Associação Permacultural Montanhas da Mantiqueira) com o intuito principal de garantir aos agricultores o seu bem maior: as sementes, através de palestras, trocas de sementes e visitas de campo. Segundo Vladimir Moreira, engenheiro agrônomo e palestrante do evento, as sementes são patrimônios da humanidade e devem ficar a serviço dos agricultores.

De acordo com o organizador do evento, Paulo Siqueira, que também é presidente da APOMM, a semente deve ficar na mão do agricultor e não nas mãos de empresas, que vendem aos agricultores por preços absurdos: “Para nós a semente é vital. Se o produtor, se o homem do campo não valorizar o seu trabalho e a sua semente, ninguém vai valorizar”.

Irajá Antunes é pesquisador da Embrapa e esteve presente na feira como palestrante. De acordo com ele, a questão do orgânico e da agroecologia abraça uma nova maneira de ver o mundo: “A ideia é construir uma sociedade agroecológica, onde o cidadão urbano entenda bem o que o homem do campo faz e o guardião da semente faz, pois são eles que preservam a existência daquilo que comemos até hoje e que vêm guardando as sementes desde os tempos memoriais”.

E a questão do orgânico não trata apenas da saúde de quem come, mas principalmente de quem produz. Pedro Jovchelevich é agrônomo e gerente da ABD (Associação Biodinâmica) e ressalva: “Quem se contamina mais é o agricultor. Quando você compra um produto orgânico e biodinâmico, você não somente beneficia a si mesmo, como também quem está trabalhando no campo e o meio ambiente como um todo.”

Em 2015, a festa alcançou a sua 5ª edição, ainda sem patrocínios mas fortemente unida pela causa da disseminação da informação. A resistência das associações e produtores é extremamente necessária para que continuemos garantindo o futuro dos alimentos tais como concebidos pela natureza. “Normalmente as pessoas sabem quem é o seu dentista, seu médico, sabem o nome do mecânico, mas não sabe o nome do cara que produz a sua comida. Isso é um absurdo!” Finalizou Paulo Siqueira.